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domingo, 23 de maio de 2021

Aplicativo: Daff Lua

Apesar do seu nome, este aplicativo exibe informações sobre a Lua, o Sol e os principais planetas. Entretanto, a análise se restringirá às informações sobre a Lua. Estão disponíveis dados como o calendário com as fases lunares, eclipses lunares, horários de nascer, trânsitos e ocaso, altitude e azimute, entre outros.

Primeiramente, serão apresentadas as funcionalidades do aplicativo e, posteriormente, uma análise sobre ele. 

Desenvolvedor: Evgeny Fedorischenko
Sistema: Android 4.0 ou superior
Versão analisada: 3.05
Licença: Gratuita, sem propagandas
Nota no Google Play: 4,9



Daff Lua possui algumas funcionalidades que podem ser úteis para se obter informações básicas a respeito do nosso satélite natural, como por exemplo, as mostradas na Figura 1. Para um determinado dia e horário e conforme a localidade escolhida, pode-se visualizar:

- a hora do nascer, do ocaso e do trânsito, 
- a idade dentro da lunação, 
- a altura e o azimute, 
- o percentual iluminado da Lua, 
- a constelação zodiacal em que ela se encontra no momento (abreviadamente denominada como Zodíaco) e 
- a distância em que se acha em relação à Terra. 

A partir desta tela, pode-se ter acesso a outras funcionalidades. Pouco acima do campo Nasc, acha-se se um ícone de um i. Clique nele para informações adicionais sobre a Lua. Além das informações exibidas na tela principal, foram acrescentadas (Figura 2):

- Horário do Trânsito Inferior
- Data e horário sobre as fases anterior e posterior à fase atual da Lua
- Ascensão Reta
- Declinação
- Latitude e longitude
- Diâmetro aparente da Lua
- Elongação

Além disso, pode-se visualizar a passagem da Lua na esfera celeste (Figura 3), clicando no ícone acima do campo Ocaso, no lado esquerdo. 

Existem outras funcionalidades que podem ser exploradas no aplicativo. Para isso, basta clicar no ícone de 3 linhas, no alto do aplicativo (Figura 4). A primeira opção são as Fases, como a visualização das fases da Lua em um determinado mês (Figura 5) ou ano (Figura 6).


Continuando a escolher as opções mostradas na Figura 4, pela ordem, tem-se Superlua, em que pode-se visualizar quando irão ocorrer as luas cheias próximas ao perigeu (Figura 7);  Perigeu/Apogeu, na qual são informadas as datas e horários de ocorrência de perigeu e apogeu da Lua (Figura 8), assim como um gráfico mostrando essas passagens pelo perigeu e apogeu e a posição atual da Lua; Passagem da Lua, na qual são mostradas as datas e horários de passagem da Lua nos nodos ascendentes e descendentes (Figura 9), assim como um gráfico que exibe esses pontos e a posição em que a Lua se encontra no momento em relação a eles. 


Continuando a escolher as opções mostradas na Figura 4, tem-se agora o Globo Lunar. Ao clicar sobre esta opção, o globo da Lua será exibido (Figura 10). Utilizando-se o dedo, pode-se rotacionar a Lua para qualquer posição que se queira (Figura 11). Para ampliar a imagem, basta clicar no ícone + e a partir de certo ponto, começará a ser exibido o mapa lunar com seu relevo, havendo indicações em português dos pontos mais importantes (Figura 12). Para reduzir o tamanho da imagem, basta clicar no ícone -



A Figura 13 mostra a opção Nascer/Ocaso. Ao selecioná-la, serão exibidas os horários de nascer,  trânsito e ocaso lunares para cada dia em um determinado mês (Figura 14).

A Figura 15 mostra a opção Eclipses. Ao selecioná-las, serão exibidos os tipos de eclipses que ocorrerão no ano, as datas, se serão visíveis na localidade predefinida no aplicativo, assim como se serão visualizados nesta mesma localidade (Figura 16). Ainda nessa mesma tela, ao se clicar sobre a opção Mais... serão detalhadas as informações específicas para aquele evento em especial (Figura 17). Ainda nessa tela, ao clicar-se na seta, será mostrado um diagrama detalhado mostrando-se o eclipse. 


A Figura 18 mostra a opção Diagrama de Altitude. Ao selecioná-la, será mostrado um diagrama de altitude da Lua durante todo o dia. O traço vertical verde mostra onde ela está localizada naquele momento (Figura 19). Se se selecionar a opção Máximo Diário nessa tela, será exibido o diagrama de altitude indicando os máximos diários, havendo o mesmo traço vertical verde, que mostra onde ela está situada naquele momento (Figura 20). 

Como podemos ver, o aplicativo possui funcionalidades, de uma maneira geral, que são úteis para sua utilização no dia a dia. Possui um uso intuitivo, com boa usabilidade, é gratuito e versão disponível para Android. O desenvolvedor informa na opção Sobre do aplicativo, que os mapas dos eclipses foram calculados utilizando-se as informações disponíveis no site Solar, Lunar and Planets Ephemerides [2], no qual é informado que as fórmulas utilizadas nos cálculos são as que se encontram descritas no livro "Calculs Astronomiques à l’usage des amateurs" de autoria de Jean Meeus. Meeus, juntamente com Fred Espenak, são responsáveis por gerar estatísticas e catálogos diversos para a NASA, dentre eles, aquele que contém mapas globais detalhados para cada um dos 12 064 eclipses lunares, compreendidos no período de cinco milênios (de 2.000 aC a 3.000 dC) [3]. Os catálogos de estrelas que o aplicativo utiliza são advindos do site MidnightKite [4], do professor Ph.D. Dan Bruton, do Departamento de Física e  Astronomia da ‎Universidade Estadual Stephen F. Austin‎, o qual oferece gratuitamente cartas estelares. Entretanto, não está muito clara qual a fonte dos dados que o aplicativo utiliza para a Lua ou dos algoritmos utilizados para gerar outras informações sobre ela. Ao que parece, pelas livros que o desenvolvedor indica, dentre eles estaria o "Algoritmos Astronômicos" de Meeus, que pode ter sido utilizado como base para o desenvolvimento do seu aplicativo. Assim, sugere-se uma certa cautela na utilização deste aplicativo quando se necessita de informações acuradas para determinados eventos lunares. Nesse caso, recomenda-se verificar os dados em fontes confiáveis e fazer uma comparação com os dados do aplicativo para checar a sua precisão. 

Outro ponto que gostaria de destacar são certas terminologias utilizadas, que eu particularmente acredito que podem ter sido geradas no momento de tradução do aplicativo para a nossa língua. A utilização da palavra Constelação em vez de Zodíaco (quando se mostra em qual constelação a Lua se localiza naquele momento), Diagrama de Altura em vez de Diagrama de Altitude (quando se quer demonstrar a que altura que a Lua se encontra) e Lua Cheia no perigeu (ou próxima ao perigeu) em vez de Superlua, seriam denominações mais apropriadas para se utilizar no aplicativo. Adicionalmente, acredito que seria melhor que os nomes do relevo lunar não fossem traduzidos, utilizando-se os seus nomes originais em latim. 

Por fim, para alguns pode ser um ponto negativo não existir versão deste aplicativo para iOS (Iphone). De uma forma geral, do meu ponto de vista, este aplicativo pode ser qualificado com a pontuação 3 (em 5). Aprimoramentos futuros podem modificar essa pontuação. 

Referências:

[1] FEDORISCHENKO, Evgeny. Daff Lua – Apps no Google Play. Versão 3.05. Android 4.0 ou superior: [s. n.], 07 mai. 2021. Android 4.0 ou superior. Aplicativo.

[2] JUBIER, Xavier M. Solar, Lunar and Planets Ephemerides. França, 2021. Disponível em: http://xjubier.free.fr/en/site_pages/astronomy/ephemerides.html. Acesso em: 22 maio 2021.

[3] ESPENAK, Fred; MEEUS, Jean. Five Millennium Canon of Lunar Eclipses: -1999 to +3000. [S. l.], 2009. Disponível em: https://eclipse.gsfc.nasa.gov/SEpubs/5MCLE.html. Acesso em: 22 maio 2021.

[4] BRUTON, Dan. Free Star Charts. [S. l.], [s. d.]. Disponível em: http://www.midnightkite.com/. Acesso em: 22 maio 2021.

quarta-feira, 19 de maio de 2021

Eclipse Lunar Total 26/05/2021


O eclipse total não poderá ser observado do Brasil, mas algumas cidades poderão acompanhar o seu início. Em Manaus, por exemplo, o início do eclipse parcial poderá ser observado a partir de 05:44 horário local, mas como a Lua estará a menos de 3o do horizonte se pondo no horizonte cerca de 14 minutos depois, pouca coisa poderá ser realmente observada. Em Porto Alegre o início será de 06:44 com a Lua a cerca de de 4o, o máximo local será às 07:03, instantes antes da Lua se pôr. Infelizmente a maior parte do país só poderá observar o eclipse penumbral, que dificilmente pode ser percebido.

Os melhores locais para observação desse eclipse serão na Nova Zelândia e leste da Austrália. Observadores localizados em cidades a oeste da América do Sul como Santigo no Chile e Lima no Peru poderão ver parte do eclipse total, com a Lua se ponto totalmente eclipsada. Cidades a oeste dos Estados Unidos e México como Los Angeles e Cidade do México também poderão ver a totalidade, mesmo a Lua já estando baixa no horizonte.



Ratificando que a totalidade do eclipse não será observada no Brasil. 


         Figura 10: Mapa do eclipse lunar 26/05/2021. Fonte: https://www.timeanddate.com/eclipse/lunar/2019-january-21

quarta-feira, 5 de maio de 2021

PLANALTO ARISTARCHUS

 


L22 - Planalto Aristarchus - Misteriosa região elevada coberta de piroclásticos 26,0N 51,0 W

Acho que nessa altura do campeonato eu já fotografei quase todos os objetos da lista lunar do meu bom amigo Chuck Wood (https://en.wikipedia.org/wiki/Lunar_100). Para ser honesto, nunca me preocupei em cumprir a lista, apenas vou fazendo fotos de locais que considero interessantes, porém seria um projeto extremamente interessante cumprir todos os 100 objetivos em alta resolução com equipamentos amadores.

Quem olha essa foto e vê, a beleza de Plateau Aristarchus junto as duas crateras que o acompanham, nem repara no dome Herodotus Omega, na verdade maioria de nós coloca a observação do céu profundo em espera quando o brilho lunar se intromete nos céus escuros. Mas porque ao invés de limitar seu telescópio, não aproveita para observar a própria Lua? A fase de Lua crescente, é um bom momento para se familiarizar com uma das características mais evocativas do nosso satélite: suas cúpulas.

Muitas das paisagens características da Lua foram criadas pelo impacto. Crateras, raios, cordilheiras, mares e bacias abundam. As cúpulas lunares são diferentes. Elas se formaram como resultado do próprio vulcanismo interno da Lua. Semelhante aos vulcões de escudo na Islândia e Hawai (incluindo Mauna Kea na Grande Ilha) além de Olympus Mons em Marte, elas se formam quando lavas altamente fluidas brotam através de uma caldeira central na superfície. Elas são quase todas de baixa explosividade, ao contrário de seus primos, os estratovulcões terrestres mais violentos que ocupam as manchetes.

Como uma folha empilhada após outra, depois da lava escorrer por baixo da crosta, uma cúpula vai se acumulando lentamente ao longo do tempo, forma um montículo largo e suavemente inclinado parecendo um escudo de guerreiro com um centro elevado e uma borda inferior. Os vulcões de escudo podem ser pequenos, como as variedades islandesas e lunares, ou largos e enormes, como Olympus Mons. Uma cúpula lunar típica mede entre 5 e 7,5 milhas (8-12 km) de diâmetro com um pico ou caldeira ~ 900 pés (~ 300 metros) de altura. As encostas são muito suaves com apenas alguns graus.

Mais de 300 cúpulas lunares são conhecidas, muitas visíveis em telescópios amadores com aberturas de 3 polegadas para cima. Existem dois requisitos chave para a boa observação de uma cúpula - boa estabilidade atmosférica (seeing) e observar a cúpula perto do terminador pouco depois do nascer do sol lunar ou antes do pôr-do-sol como foi feito nessa foto com Herodotus Omega.

A maioria das cúpulas são características sutis e de baixo contraste que se tornam escaldantes com seeing pobre. Luz baixa, produz longas sombras nos picos e bordas das crateras, e faz com que suas formas suavemente inclinadas tenham o melhor contraste. Você irá ficar mais animado quando puder ver a caldeira. Ao ver o buraco da cúpula, você realmente vê uma cúpula pelo que ela é: um vulcão anteriormente ativo nos dias que a lua ainda tinha uma atividade geológica intensa.

Cerca de 60 km a sudoeste da Cratera Herodotus no Oceanus Procellarum é facil encontrar Herodotus Omega. Uma cúpula de 6 milhas de largura (10 km) coberta por uma caldeira no cume, visível em bom seeing mesmo com um modesto telescópio usando alta potência.

Na próxima vez que você for observar a Lua próximo ao terminadouro, não esqueça de prestar atenção a essas formas arredondadas que se destacam facilmente em relação ao terreno circundante, não deixe de lembrar que um dia a Lua teve seus vulcões ativos e mesmo hoje está longe de ser o mundo morto que muitos acreditam.



Fonte: Lunar 100 - Chuck Woods

Sky and Telescope - Um pequeno guia para cúpulas lunares - Bob King

Wikipedia - Lunar Dome

Adaptação e texto: Avani Soares